Este é um cenário de networking com que, provavelmente, já se cruzou:
Entra numa sala cheia de outros profissionais, da sua área e/ou de outras, todos com sorrisos brilhantes e cartões de visita prontos para serem distribuídos. Decide aproximar-se de um dos grupos que conversa animadamente, mas enquanto tenta juntar-se à conversa, começa a sentir a ansiedade a crescer. O coração começa a bater mais forte e as mãos a suar.
À medida que a conversa continua, percebe que a maioria das pessoas está mais interessada em falar sobre as suas próprias conquistas do que em realmente ouvir o que os outros têm a dizer.
Por isso, sente-se pressionada a partilhar também as suas próprias vitórias, mas, ao mesmo tempo, há uma voz interior que lhe diz que talvez você não seja boa o suficiente ou interessante o suficiente para competir com as histórias que estão a ser partilhadas à sua volta.
Já lhe aconteceu?
Esta é uma situação familiar para muitas mulheres que valorizam a autenticidade e a conexão genuína. É fácil sentirmo-nos sobrecarregadas e deslocadas num ambiente de networking onde o foco está na autopromoção e na competição, em vez de na verdadeira troca de ideias e experiências.
Neste artigo, vamos ver o que é, de facto, o networking e porque é que os eventos de networking não são a melhor opção para quem procura conexões profissionais significativas.
O que é o Networking?
Muitas pessoas, quando pensam em networking, vêm-lhes à ideia imagens de eventos lotados, com pessoas a trocar cartões de visita entre si e a falar sobre si mesmas. De facto, para muitos, o networking tornou-se sinónimo de autopromoção e uma competição silenciosa para ver quem impressiona mais.
No entanto, esta é uma visão superficial desta prática e que, quanto a mim, não faz justiça ao verdadeiro potencial das conexões humanas.
Um networking efetivo não se trata apenas de acumular contactos ou causar boa impressão num evento social. Na verdade, vai muito além disto. Trata-se de estabelecer relacionamentos autênticos e significativos, baseados na confiança, na reciprocidade e no interesse genuíno pelo outro.
Então, em vez de simplesmente falarmos sobre nós e as nossas conquistas, o verdadeiro networking desafia-nos à escuta ativa, a compreender as necessidades e os desafios dos outros e a oferecer apoio sempre que possível.
Networking é, afinal, sobre criar uma comunidade de apoio onde todos se sintam valorizados e capacitados.
E são essas conexões autênticas que têm o poder de abrir portas que nunca imaginámos, proporcionando-nos oportunidades de crescimento pessoal e profissional que vão além daquilo que poderíamos alcançar sozinhos.
São essas conexões que nos permitem aprender com as experiências dos outros, receber orientação e apoio quando necessário, e até mesmo encontrar colaboradores e mentores que nos ajudem a alcançar os nossos objetivos mais ambiciosos.
OK, Marta, já percebi o que é, de facto, o networking, mas nos eventos em que já participei não sinto que haja espaço para esta abordagem mais genuína e autêntica.
Se é isto que está a pensar, compreendo a sua perceção, e é exatamente por isso que eu não sou defensora deste tipo de eventos. Mas vamos ver com mais pormenor porquê.
O Problema dos Eventos de Networking
Os eventos de networking tradicionais, frequentemente divulgados como oportunidades de ouro para expandir a nossa rede de contactos e impulsionar o crescimento das nossas carreiras, deixam muitas vezes a desejar quando se trata de construir relacionamentos autênticos e duradouros.
Ainda que esses encontros pareçam promissores à primeira vista, uma análise mais cuidada revela vários problemas que, muitas vezes, passam despercebidos.
Um deles é exatamente o foco excessivo no ego e na autopromoção.
Num ambiente em que todos tentam vender a sua melhor versão, as conversas tornam-se muitas vezes unilaterais e superficiais. Em vez de os participantes se conectarem realmente uns com os outros, estão mais preocupados em causar boa impressão e chamar a atenção para as suas próprias conquistas.
Esta mentalidade centrada no ego pode criar uma atmosfera de competição e desconfiança, onde cada pessoa está mais interessada em destacar-se do que em ouvir e aprender com os outros. Em vez de colaboração e apoio mútuo, vemos uma corrida para ver quem pode acumular mais contatos e conquistas pessoais.
Além disso, os eventos de networking carecem muitas vezes de uma estrutura que promova a criação de relacionamentos genuínos. Com uma agenda preenchida e oportunidades de interação limitadas, a maioria destes eventos faz com que os participantes que procuram conexões mais profundas e duradouras se sintam em pleno “salve-se quem puder” que leva a uma sensação de vazio e desilusão.
E então, em vez de sair destes eventos com mais energia e inspirada, é bem provável que saia de lá a perguntar-se se valeu a pena o tempo e esforço investidos.
Principais Dificuldades em Fazer Networking
Fazer networking torna-se, assim, uma tarefa assustadora e demasiado desafiante, muito fora da sua zona de conforto.
Para quem procura a excelência nas diferentes áreas da sua vida, é natural que sinta que criar relacionamentos genuínos lhe exige um esforço redobrado.
Porém, isto também acontece porque há medos enraizados que a impedem de trazer mais leveza e naturalidade a estes processos.
Uma das principais barreiras que as mulheres determinadas enfrentam ao fazer networking é o medo de errar e serem julgadas pelos outros. Devido à sua natureza autoexigente, estas mulheres colocam-se muitas vezes sob uma pressão implacável para serem perfeitas em tudo o que fazem. Como resultado, pensar em cometer um erro ou não corresponder às expectativas dos outros pode ser avassalador.
Na sequência disto, estas mulheres, apesar da sua determinação, e até coragem, entram num mecanismo de autossabotagem, retraem-se e evitam situações de networking em que sintam que podem estar a expor-se ao julgamento dos outros.
Inseguras sobre as suas competências sociais ou preocupadas por não serem aceites pelos seus pares, sentem a ansiedade a aumentar, criando uma barreira significativa para se conectar com os outros e aproveitar as oportunidades de crescimento que o networking oferece.
Mas há outros desafios adicionais que as mulheres, no geral, encontram devido às expectativas sociais e culturais que as cercam.
Em muitos ambientes profissionais, as mulheres são sub-representadas em cargos de liderança e podem-se sentir isoladas ou marginalizadas num meio maioritariamente masculino. Isto pode criar uma sensação de desadequação e dificultar ainda mais a sua capacidade de se conectar com os outros de forma autêntica.
Perante estes desafios tão presentes em eventos mais tradicionais de networking, acredito que, se queremos relacionamentos mais significativos, é essencial repensarmos a nossa abordagem e adotarmos práticas de networking (mais sobre isto em breve) que promovam a autenticidade e a conexão genuína.
Concluindo…
Apesar dos desafios que possa enfrentar ao praticar networking, gostava que soubesse que, antes de tudo, é fundamental que reconheça as suas próprias forças e a sua resiliência. Ao encarar o networking com uma atitude corajosa e de um ponto de vista de escuta ativa e colaboração, estará a desafiar as normas estabelecidas e a destacar-se dos demais. E, assim, aumenta as possibilidades de ser recordada pelas melhores razões e de criar relações significativas que contribuem para o seu crescimento pessoal e profissional.
É possível construir uma cultura de networking que valoriza a diversidade, a empatia e o apoio mútuo, criando assim um ambiente mais inclusivo e enriquecedor para todos. E você pode fazer parte desta construção.
Agora, só resta saber: qual será o seu primeiro passo nesse sentido?