Se sente que ultimamente anda irritada, nervosa e ansiosa, é provável que precise de dar atenção à sua gestão emocional. É que as emoções, das básicas às secundárias, desempenham um papel fundamental na nossa vida diária.
Muitas vezes, surgem sem avisar, como uma resposta a situações que vivemos. E, quando isso acontece – sobretudo se forem emoções que vemos como negativas -, podem ser avassaladoras. Há quem paralise. Quem reaja defensivamente. E quem, simplesmente, evite qualquer situação que o possa colocar em contacto com essas emoções.
Isto é tanto mais evidente quanto não soubermos fazer uma gestão emocional eficaz.
Mas a reflexão que gostava de fazer consigo hoje é que, apesar de serem manifestações internas, as emoções também desempenham um papel crucial como ferramentas de sobrevivência. Por isso, neste artigo, partilho consigo como é que as emoções nos ajudam a lidar com o mundo à nossa volta e deixo-lhe 5 estratégias para uma gestão emocional eficaz. Ou seja, para que as suas emoções deixem de ser um obstáculo ao seu sucesso pessoal e profissional e passem a ser suas aliadas.
A função evolutiva das emoções
Se considerarmos o contexto evolutivo das espécies, é fácil perceber a importância que as emoções desempenham na nossa sobrevivência e prosperidade. Ao longo da história da humanidade, as emoções como o medo, a raiva e o amor foram essenciais para o ser humano chegar aos dias de hoje. Estas emoções ajudaram-nos a enfrentar ameaças, a encontrar oportunidades de sobrevivência e a criar conexões sociais.
Por exemplo, o medo alerta-nos para perigos iminentes, o que nos protegeu de predadores há milhares de anos; a raiva impulsiona-nos a agir perante injustiças e o amor fortalece os laços sociais, o que nos permitiu construir comunidades de entreajuda.
Visto assim, emoções como o medo ou a raiva já não parecem tão negativas, pois não?
Mas a maior parte das pessoas ainda não tem esta consciência e é por isso que muitos continuam a reprimir ou a ignorar as suas emoções, adotando comportamentos prejudiciais, como a procrastinação e outros.
A importância da consciência e da gestão emocional
Talvez ainda não saiba isto, mas quando falamos de alcançar objetivos, ter mais disciplina e autoconfiança e evitar a procrastinação, estamos a falar de gerir emoções.
É aquilo que nós sentimos – e a forma como gerimos o que sentimos – que nos faz avançar, ficar no mesmo lugar ou até evitar certas situações.
Por isso, qualquer que seja a mudança que gostava de implementar na sua vida, ela começa sempre com autoconhecimento e autoconsciência emocional. Isto envolve a capacidade de, em primeiro lugar, reconhecer e nomear as suas próprias emoções.
Só assim poderá equilibrar o impacto que as suas emoções têm nas suas ações diárias.
Já lhe aconteceu adiar a preparação de uma apresentação porque se começa a comparar com outras pessoas – mais sábias, mais comunicativas, mais proativas…? Ou adiar a entrega de um projeto porque tinha medo que não estivesse suficientemente bom?
Se sim, isso aconteceu porque deixou que as suas emoções interferissem na sua capacidade de tomar decisões alinhadas com os seus objetivos. E se não há grande mal nisto quando é algo pontual e esporádico, o mesmo já não é verdade quando este comportamento se repete e se torna um padrão.
Quando isto acontece, está a deixar que as suas emoções prejudiquem a sua autoestima.
Como?
Continue a ler que já lhe conto tudo.
Emoções e Autoestima
É muito comum que as mulheres com que trabalho sejam mulheres determinadas e, por isso, acreditam que são confiantes. Mas o que elas (antes de trabalharem comigo) não sabem é que as emoções desempenham um papel oculto e poderoso na sua autoimagem.
Voltemos ao exemplo da apresentação.
Imagine que, quando se está a preparar para ir a uma reunião importante, surge na sua cabeça a imagem de todas as pessoas que vão a essa reunião e que lhe possam parecer mais inteligentes, boas comunicadoras, eficazes, com melhores resultados. Se a sua tendência é comparar-se com essas pessoas, é provável que esta imagem vá desencadear em si emoções de inadequação, ciúmes ou inveja. E isto vai deixá-la desconfortável.
É normal.
Ninguém gosta de se sentir assim.
Por isso, se não estiver consciente destas emoções e não souber lidar com elas adequadamente, vai acabar por desistir de ir a essa apresentação ou sabotar-se na entrega do projeto. O que significa que vai deixar de fazer uma coisa que era importante para si. E, com isso, vai passar a si mesma a mensagem de que aquilo que é importante para si não interessa.
Ao longo do tempo, a repetição destes comportamentos vai acabar por minar a sua confiança e levá-la a questionar o seu próprio valor.
E nós não queremos isso, pois não?
Então, em vez de permitir que essas emoções “negativas” a dominem, aprenda a desafiar pensamentos prejudiciais e cultivar uma autoimagem mais positiva e realista.
Mas não é só na sua autoestima que as emoções têm impacto.
Emoções e Perfecionismo
O perfecionismo é outro desafio que muitas vezes vejo associado à forma como as minhas coachees lidam com as suas emoções.
Quando somos determinadas e focadas, tendemos a definir padrões elevados para nós próprias, procurando a perfeição em tudo o que fazemos. Para nós, só está bem se estiver MESMO bem.
Mas o que muitas de nós não sabem é que esta busca implacável pela perfeição pode estar a ser alimentada por emoções como o medo do fracasso, o desejo de aprovação dos outros e a necessidade constante de validação.
É possível que, por exemplo, sinta uma pressão esmagadora para que tudo esteja impecável quando se depara com uma tarefa ou projeto. Essa pressão é frequentemente impulsionada por emoções como a ansiedade e o medo de não estar à altura das expectativas. E, como consequência disto, pode adiar a entrega do projeto ou hesitar em agir por medo de não alcançar a perfeição.
Mais uma vez, as emoções desempenham aqui um papel significativo. A tendência para o perfecionismo está muitas vezes enraizada na necessidade de validação externa, que, por sua vez, é uma resposta emocional à necessidade de ser aceite e reconhecida.
Então, ao reconhecer como estas emoções podem estar a alimentar um círculo vicioso de perfecionismo e a criar uma pressão desnecessária sobre si, estará a dar o primeiro passo para se libertar desse peso de ter de fazer tudo bem.
Além disto, aprender a gerir as suas emoções vai-lhe permitir escolher a excelência em vez da perfeição, aceitando que é normal cometer erros e que a imperfeição traz aprendizagens e oportunidades de crescimento.
Ou seja, uma boa gestão emocional vai ainda ajudá-la a ser mais disciplinada e vencer a procrastinação.
Agora que já explorámos a influência que as emoções têm em diferentes áreas da nossa vida, vamos ver que estratégias práticas a podem ajudar a fazer das emoções suas aliadas.
5 Estratégias para usar as emoções como aliadas
1. Ter um diário emocional
Esta estratégia, além de simples de aplicar, vai ajudá-la a melhorar a sua consciência emocional. Dedique uns minutos todos os dias a escrever sobre as emoções que sentiu, bem como as situações ou pensamentos que as desencadearam. Esta prática vai-lhe permitir identificar padrões emocionais, compreender as raízes das suas emoções e aprofundar a sua autoconexão.
2. Aplicar técnicas de gestão emocional
Experimente técnicas de relaxamento, como a meditação, respiração profunda e exercícios de relaxamento muscular. O mindfulness ou atenção plena na realização de tarefas que já são automáticas na sua vida, como conduzir, lavar os dentes, tomar banho, também é uma ferramenta que ajuda a treinar a sua capacidade de gestão emocional, ajudando-a a acalmar corpo e mente.
Se quiser começar pela respiração, por ser mais simples, experimente o seguinte exercício de respiração em 3 fases: inspire profundamente enquanto conta mentalmente até 4, sustenha a respiração e conte novamente até 4 e expire devagar, contando mentalmente até 6. Repita 5 vezes.
3. Reenquadrar e redirecionar as emoções
Em vez de permitir que as emoções “más” a paralisem, desafie os seus pensamentos negativos e transforme-os em afirmações positivas. “Eu não consigo” pode, por exemplo, transformar-se em “Eu estou a dar passos pequenos e seguros na direção daquilo que quero alcançar.”
4. Cultivar a empatia
A empatia envolve a capacidade de entender e acolher os sentimentos dos outros, colocando-se no lugar deles. Para cultivar a empatia, escute ativamente o outro, sem intenção de lhe dar uma resposta certa, mostre-se disponível para apoiar no que estiver ao seu alcance e esteja presente, dentro das suas possibilidades e dos seus próprios limites.
5. Praticar a aceitação e a autocompaixão
Por fim, treine a aceitação. E comece pela aceitação das suas emoções, mesmo as mais desconfortáveis. As emoções são normais, fazem parte da experiência humana e aceitá-las permite-nos lidar com elas com assertividade e, ao mesmo tempo, com autocompaixão. Nos momentos mais desafiantes, trate-se com bondade e gentileza, em vez de exigir mais e mais de si.
Uma pergunta que costumo fazer a quem trabalha comigo num processo de coaching é: “Como falaria com uma criança que cometeu um erro?”. (Peço-lhe que se imagine a falar com uma criança para estimular ao máximo a sua compaixão.) Tentaria apoiá-la, mostrando-lhe o que fez bem, apesar do resultado final, e ajudá-la-ia a retirar aprendizagens para o futuro OU zangar-se-ia com ela, com frases como: “És sempre a mesma coisa. Nunca fazes nada bem. Já sabia que só podia dar nisto…”? (Espero honestamente que seja a primeira opção.)
Resumindo…
As emoções são a essência da nossa experiência humana, moldando o nosso percurso pessoal e profissional. No entanto, para as transformar em nossas aliadas, é preciso aprender a geri-las eficazmente. E isso não é algo que se ensine na escola – pelo menos, por enquanto.
Então, se queremos mais realização pessoal e profissional e uma vida com propósito, temos de ser nós a procurar ferramentas e desenvolver estratégias que nos ajudem a lidar com o impacto que as emoções têm no nosso dia a dia.
Ter um diário emocional, aplicar técnicas de gestão emocional, reenquadrar pensamentos negativos, cultivar a empatia e praticar a aceitação e a autocompaixão são algumas dessas estratégias que a podem ajudar a acolher as suas emoções, transformando-as em forças impulsionadoras de autoconhecimento e crescimento – pessoal e profissional.
Se a gestão emocional é uma área que gostava de desenvolver, pode contar com a minha orientação e apoio personalizado. Estou aqui para a apoiar neste caminho de desenvolvimento para que possa avançar em direção aos seus objetivos com confiança. Saiba como podemos trabalhar juntas.